Paranóia, tensão!
A poesia concreta surgiu através de jovens artistas paulistas que já não queriam mais o tipo de verbalismo e subjetivismo próprio das poesias anteriores, bem como a incapacidade para refletir as realidades do novo tempo inaugurado pelas revoluções que tinham alterado o rumo da história humana no séc. 20. Assim "experimentalismo" era a palavra chave desses poetas.
De acordo com o site EducaTerra: "(...)em síntese, os criadores do concretismo propugnavam um experimentalismo poético que obedecia aos seguintes princípios:
Abolição do verso tradicional, sobretudo através da eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções, pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta, feita quase tão somente de substantivos e verbos;
Uma linguagem necessariamente sintética, dinâmica, homóloga à sociedade industrial ("A importância do olho na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as histórias em quadrinhos, a necessidade do movimento....");
Utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos; separação de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompõe na página;
O poema transforma-se em objeto visual, valendo-se do espaço gráfico como agente estrutural: uso dos espaços brancos, de recursos tipográficos, etc.; em função disso o poema deverá ser simultaneamente lido e visto.
Além disso, não há como desvincular essa nova produção artística ao contexto da época. Década de 50, 60. Liberação sexual, capitalismo vs. socialismo, corrida espacial, guerra fria, drogas, rock, libertação em massa do pensamento, ditadura militar, sensura, etc. Isso e muito mais faziam daquela época um período em que o indivíduo se perdesse entre o deslumbre da superliberação social e o medo dos caminhos do desenvolvimento político e econômico do mundo. Resultado? A mais pura e tensa paranóia.
O poema "Greve" é um dos expoentes dessa paranóia e, pensando em fugir do que um dia foi moderno, hoje adaptamos a poesia ao meio audiovisual. Trilha sonora, cores, associações, interpretações, etc. Tudo no vídeo tenta decifrar essa tensão vivida por Augusto de Campos nessas décadas passadas.
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